segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Organizações dizem que Brasil desperdiça potencial de energia limpa


Relatório de ONGs afirma que energias solar e eólica são subaproveitadas.
Texto aponta que sistema atual de geração de energia tem grandes perdas.



Relatório elaborado por organizações não governamentais, divulgado nesta segunda-feira (12), aponta que o Brasil não aproveita seu potencial de geração de energia solar e eólica devido à falta de infraestrutura.


De acordo com o documento “O setor elétrico brasileiro e a sustentabilidade no século 21:oportunidades e desafios”, produzido por especialistas da área ambiental e técnicos de ONGs como WWF, Greenpeace e Instituto Socioambiental (ISA), gargalos técnicos impedem o crescimento dessas modalidades consideradas limpas.

Socioambiental (ISA), gargalos técnicos impedem o crescimento dessas modalidades consideradas limpas.

O texto diz que a falta de estrutura para transmissão e distribuição de energia eólica inviabiliza a instalação de mais torres pelo país. Segundo dados do Atlas Eólico Brasileiro, o país tem potencial para gerar 143 GW apenas com a força dos ventos, número que é 12 vezes maior que a capacidade instalada da futura usina hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu, no Pará.

Outro entrave citado no documento está ligado à falta de mão-de-obra e de tecnologias para suprir o setor, o que inviabilizaria uma “arrancada” na expansão desta forma de geração de eletricidade. Sobre a energia solar, o relatório aponta que se fosse aproveitada a luz solar para consumo elétrico em menos de 3% da área urbanizada do Brasil, seria possível atender a 10% de toda a demanda atual de energia elétrica do país.

No entanto, projetos do governo que implantam placas solares em regiões distantes dos grandes centros consumidores torna inviável economicamente a construção de redes de transmissão. “Os maiores entraves ao aproveitamento e à expansão da energia solar no Brasil seguem sendo a falta de incentivos e políticas públicas que consolidem a indústria e o mercado”, informa o documento.

Usinas eólicas instaladas no Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação/ABEEólica)
Usinas eólicas instaladas no Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação/ABEEólica)

Desperdício e custo maior ao consumidor
O texto faz críticas à política brasileira de geração de energia por hidrelétricas e aponta possíveis prejuízos ao meio ambiente e a culturas indígenas devido a implantação de empreendimentos na Amazônia.

O relatório afirma também que o país tem registrado grandes perdas de quantidades de energia elétrica devido a problemas no sistema de transmissão elétrico. Baseado em dados Tribunal de Contas da União (TCU), o documento diz que em 2004 as perdas técnicas (causadas pelas peculiaridades do sistema) e comerciais (por exemplo, instalação de "gatos") de energia no país foram de 20,28% do total gerado.

O índice supera em muito os registrados em países vizinhos como Chile (5,6%) e Colômbia somadas (11,5%%) no mesmo período. Ainda segundo o relatório, tais perdas teriam causado um reajuste de ao menos 5% na tarifa ao consumidor.
 


Energia solar é alternativa para obter eletricidade em meio à reserva ambiental (Foto: Mariane Rossi/G1)Energia solar é alternativa para obter eletricidade em meio a reserva ambiental. Distância de grandes centros consumidores inviabiliza instalação de redes transmissoras (Foto: Mariane Rossi/G1)
Perda é inevitável, diz operador nacional
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a perda técnica é inevitável e está associada ao processo de transmissão. Segundo o órgão, o aquecimento dos cabos durante as transmissões provoca tais extravios, considerados naturais e com índices que se igualam a padrões mundiais.

Sobre as perdas comerciais, o ONS afirma que é um problema que deve ser resolvido pelas distribuidoras, já que seriam provocadas por vários fatores, entre eles, ligações clandestinas (conhecidas como gatos) em diversas cidades.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), entre 2007 e 2010 as perdas técnicas de energia no país atingiram índice de 7%. A Aneel não divulgou o percentual de perdas comerciais para o mesmo período.

Fonte: g1.globo.com

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