quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Criação de células-tronco neurais a partir de tecido muscular traz esperança para terapias contra doenças degenerativas

A pesquisa, que conta com um brasileiro na equipe, está sendo realizada em centro de estudos na Carolina do Norte.
A ciência está dando os primeiros passos para a criação de células-tronco neurais a partir de tecido muscular de animais. É o que mostra o trabalho que saiu em setembro nas publicações especializadas Experimental Cell Research e Stem Cell Research.

"A reversão da degeneração cerebral e das lesões pós-trauma dependem de terapia celular. Porém, não é possível colher células-tronco neurais do cérebro ou da medula espinhal sem prejudicar o doador", explica Osvaldo Delbono, principal autor do estudo do Wake Forest Baptist Medical Center, instituição localizada em Winston-Salem, Carolina do Norte (Estados Unidos).

Como alternativa, ele explica que o tecido muscular representa aproximadamente 50% do corpo e é facilmente acessível para biópsias, sem gerar danos ao doador. "Acredito que pode ser uma fonte alternativa de células semelhantes às neurais que, potencialmente, poderiam ser usadas para o tratamento de lesão da medula espinhal ou do cérebro, além do tratamento de doenças neurodegenerativas, tumores cerebrais e outros males, embora ainda seja necessário ampliar o trabalho", afirma Delbono.

Etapas - Em um estudo anterior, a equipe da Wake Forest Baptist isolou células precursoras neurais derivadas de músculo esquelético de camundongos transgênicos adultos (PLOS One, 3 de fevereiro de 2011). Na pesquisa atual, a equipe separou 'in vitro' células precursoras neurais a partir do músculo esquelético adulto de várias espécies, incluindo macacos e ratos idosos, e mostrou que estas células não apenas sobrevivem no cérebro, mas também migram para a área do cérebro onde as células-tronco neurais se originam.

Outro aspecto investigado pelos pesquisadores foi se as células neurais originadas formam tumores, uma característica recorrente em muitos tipos de células-tronco. Para testar o risco, a equipe injetou as células abaixo da pele e no cérebro de ratos e, depois de um mês, não foram encontrados quaisquer indícios de tumores.

"Atualmente, pacientes com glioblastomas ou tumores cerebrais apresentam sobrevida baixa e relativamente poucas opções de tratamento", afirma o pesquisador e estudante de doutorado brasileiro Alexander Birbrair, primeiro autor do estudo. "Devido ao fato de que nossas células sobreviveram e migraram no cérebro, no futuro, poderíamos usá-las como veículos que entregam medicamentos, não somente para tumores cerebrais, mas também para outras doenças do sistema nervoso central", acrescentou.

A equipe agora tenta descobrir se essas células neurais teriam também a capacidade de se transformar em neurônios no sistema nervoso central.

Fonte:Jornal da Ciência

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