Aves teriam sido responsáveis por morte de cerca de 60 animais na região.
Para ONG, problema de fundo é causado pela ação humana.
Da BBC
O governo da província argentina de Chubut, na região da Patagônia, iniciou nesta semana uma operação de abate de gaivotas que estão ferindo e, provavelmente, provocando a morte das baleias no centro turístico da península Valdés, conhecido como local de acasalamento e berçário do mamífero.
"Esse problema entre as gaivotas 'picadoras' (que mordem) e as baleias existe há mais de 20 anos, mas agora decidimos enfrentar a situação, que está afastando as baleias daqui", disse à BBC Brasil o secretário de Ambiente e Controle de Desenvolvimento Sustentável, Eduardo Maza.
Ataques de gaivotas foram os prováveis responsáveis por morte de cerca de 60 baleias na Patagônia (Foto: Marcelo Bertellotti)
Segundo Maza, haverá um abate seletivo das gaivotas apontadas como possíveis responsáveis pela morte de cerca de 60 baleias nos últimos anos.
Maza afirmou que estudos preliminares indicaram que as baleias morrem pela infecção provocada pelas feridas deixadas por estas aves.
A operação de abate envolve lanchas especiais com atiradores com armas carregadas de balas de ar comprimido e biólogos que vão agir longe da área frequentada pelos turistas.
"Nós vamos passar algumas horas na lancha observando quais gaivotas estão atacando as baleias, e um especialista em tiro de caça as derrubará. Serão eliminadas somente as gaivotas que atacam as baleias", disse o biólogo Marcelo Bertellotti, do Centro Nacional Patagônico, com sede em Puerto Madryn.
DetalhesA operação deve durar entre 30 e 60 dias, dependendo dos dias hábeis para a navegação. Em uma segunda etapa, as gaivotas abatidas serão analisadas em laboratório, para tentar descobrir por que agem contra as baleias.
"Estamos observando estas ações desde 2005 e vemos que antes as gaivotas atacavam as baleias mortas, mas agora também agem contra as vivas", disse o biólogo.
As primeiras informações, divulgadas pela imprensa local, indicaram que forças policiais agiriam contra as gaivotas, gerando críticas da oposição.
"A polícia deve agir contra a delinquência, e não contra gaivotas" disseram opositores, segundo a imprensa de Chubut.
Autoridades e especialistas de Chubut afirmaram que foram, então, convocados profissionais de tiro ou de caça para o combate aos pássaros - cientificamente chamados de gaivota larus dominicanos e popularmente conhecidas na Argentina e no Uruguai como "gaivota cozinheira".
Maza observou que a operação só deverá continuar se mostrar que foi efetiva contra as gaivotas violentas.
ComportamentoCom medo dos ataques, as baleias estão mudando o comportamento.
"Pela dor provocada pelas feridas, as baleias estão nadando mais rápido, estão passando mais tempo submersas e produzindo saltos de forma mais intensa. Tudo para se proteger das ações das gaivotas 'cozinheiras'", afirmou o ambientalista Alejandro Arías, da ONG Vida Silvestre.
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