Engenheiro agrônomo realiza estudos para recomposição da mata ciliar do Rio São Francisco por meio de rizóbios e leguminosas
POR PATRÍCIA LAIS*
O uso do solo para fins agrícolas, a
expansão da área urbana e a grande poluição provocada pela própria
população são os principais causadores de degradações ambientais. A mata
ciliar do rio São Francisco, por exemplo, é uma das vítimas de ações
comprometedoras do solo e da vegetação que o margeiam.
Devido a essa problemática, o engenheiro
agrônomo Rubens Carvalho, de 28 anos, mestre em Agronomia pela
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), desenvolve uma pesquisa baseada
na recomposição da mata ciliar por meio de tecnologias sustentáveis.
Carvalho é natural do distrito de Caatinga do Moura, localizado no
município de Jacobina (BA) e concluiu seu mestrado em agosto de 2011.
A pesquisa, desenvolvida como
dissertação de mestrado, consiste no melhoramento e crescimento da mata
através da associação entre rizóbios e leguminosas. O rizóbio é um
gênero de bactéria fixadora de nitrogênio que, em convivência com
leguminosas, converte esse nitrogênio em amônia, que, por sua vez,
anexada às plantas possibilita o bom desenvolvimento da vegetação. Esse
processo, denominado Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), é uma
alternativa sustentável para recuperar o solo degradado.
Experimento com mudas de Feijão Caupi. Foto: Arquivo |
Para desenvolver o experimento, o
pesquisador utilizou o feijão-caupi, um dos principais componentes da
dieta alimentar no Nordeste. Essa leguminosa se adapta a solos de baixa
fertilidade e tem um potencial nutritivo para diversos usos na
culinária, o que facilita a vida de quem não tem condições de investir
em adubo. “O feijão-caupi pode ser cultivado entre as linhas das
espécies nativas durante e depois do desenvolvimento e contribuir como
fonte de nitrogênio para as outras plantas, além de ser uma alternativa
de geração de renda para os ribeirinhos”, acrescentou o pesquisador.
Segundo Carvalho, a escolha dessa linha
de pesquisa foi feita em 2010 a partir de alguns projetos de
instituições regionais que desenvolvem estudos de recomposição da mata
ciliar. O maior objetivo é poder contribuir com o meio ambiente através
da recuperação da mata ciliar e investir em uma tecnologia para a
produção de mudas.
Coleta de sementes da mata ciliar na UNEB. Foto: Arquivo |
Os experimentos iniciais foram
realizados no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) da
UNEB em parceria com a Embrapa Semiárido. As áreas escolhidas foram
regiões ribeirinhas dos municípios dos Estados da Bahia e de Pernambuco,
onde foram coletadas amostras do solo. “Depois de feita as coletas dos
solos, realizamos um experimento em casa de vegetação para captura dos
isolados de bactérias. Em seguida, no Laboratório de Microbiologia do
Solo, isolamos, caracterizamos e realizamos outros testes com as
bactérias”, explicou.
Antes dos procedimentos serem colocados
em prática no meio ambiente, são necessários diversos estudos técnicos
sobre a fauna, a flora e o solo ribeirinhos e, principalmente, a
realização de um processo avaliativo acerca dos motivos da degradação.
“O tempo necessário é aquele no qual se pode observar que há uma
reconstrução do que era nativo nas margens dos rios para que voltem a
ter água de qualidade e uma diversidade biológica vegetal e animal”,
disse Carvalho.
Para o pesquisador, uma das dificuldades
em desenvolver a pesquisa é a falta de informação por parte dos
moradores ribeirinhos e o medo de não poder produzir nas áreas mais
férteis. Além disso, os custos do projeto e o incentivo e apoio do
governo também interferem na aplicação da pesquisa.Os testes realizados
com bactérias em casa de vegetação foramconcluídos recentemente. Nesta
etapa da pesquisa, comprovou-se quevariações de bactérias nativas das
margens do rio podem substituir umaespécie de adubo sintético, que tem
custo elevado e apresenta umaameaça ao solo e às fontes de água. A
próxima fase do trabalho é levaros testes a campo para confirmar esse
resultado
.
Patrícia Lais é aluna e monitora da Agência MultiCiência*
Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br
Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br
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