A perca americana (Micropterus salmoides) é uma espécie na qual o macho protege os ovos e os filhotes. Ele faz um "ninho" onde a fêmea coloca os ovos para serem fertilizados. O macho fica tomando conta dos ovos, abanando-os, e depois protege os alevinos por várias semanas. É um dos peixes mais comuns em pesqueiros americanos.
A equipe de David A. H. Sutter, da Universidade de Illinois, Urbana, Illinois, testou machos que foram artificialmente produzidos para ter maior ou menor vulnerabilidade a serem pescados com anzol.
Os peixes mais agressivos tendem a ser pescados mais porque defendem o ninho com mais intensidade e têm a tendência de atacarem mais as iscas.
Os pesquisadores testaram a hipótese de que, em idênticas condições ecológicas, os peixes mais vulneráveis à pesca teriam maiores índices de sucesso reprodutivo. Fizeram os testes em lagos artificiais com 48 peixes das duas variedades, 45 dos quais receberam ovos das fêmeas em seus ninhos.
Os machos mais vulneráveis passaram uma parcela de tempo maior defendendo os ninhos, enquanto os menos vulneráveis passaram mais temo longe do ninho. Os mais vulneráveis também eram significativamente mais agressivos, atacando potenciais predadores na forma de iscas sem anzol o dobro de vezes.
Eles testaram geneticamente 1.189 filhotes e notaram que 740 (62%) eram criado dos machos mais vulneráveis à pesca e 449 (38%) dos menos vulneráveis.
"Nosso estudo mostrou conclusivamente que a pesca pode atingir aqueles indivíduos que possuem o maior potencial de aptidão reprodutiva, portanto estabelecendo o potencial de seleção de traços de comportamento que ajudam um peixe a escapar da captura, mas no processo diminuir suas habilidades de cuidado parental", escreveram os autores do estudo na revista científica "PNAS".
Eles dizem que o estudo tem com consequências práticas eventuais na qualidade de um pesqueiro, com o cenário evolutivo selecionando peixes com menor capacidade de reprodução e mais esquivos.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário